Eu por mim mesma!

Eu por mim mesma!
Voltei-me e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tão pouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor, mas que o tempo e a sorte pertencem a todos. (Eclesiastes 9:11)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eiii, você aii??

Ei, você ai?
ééé, você! Você mesmo!
Tem um trocado?
Ou até um sapato furado
porque o meu não tem sola mais.
Ei, você ai?
ééé, você! Você mesmo!
Tem um prato de comida?
Ou até um sanduiche
porque nem agua bebo mais.
Ei, você ai?
ééé, você! Você mesmo!
Tem uma roupa pra me dar?
Ou até um pano pra me enrolar
porque nem trapos tenho mais.
Ei, você ai?
ééé, você! Você mesmo!
Eii, você! Olhe pra mim...
Porque finge que não me vê?
Tens medo?
Medo de ver em mim seus medos mais profundos?
Medo de não me ajudar
e sua consciência te acusar?
Medo de não me estender a mão
e depois se ver na mesma situação?
Mas eu te digo, companheiro,
A vida é assim mesmo,
Eu fico aqui sentado,
mendingando um trocado
e você ai todo empolado
não sabe o que é amor, caridade,
carinho e solidariedade.
Eu, aqui no meu canto da praça,
vejo passar toda felicidade
e toda desgraça.
E você, vê passar, sua vida sem graça,
sem motivos e sem sentido.
Eu, sinto o cheiro das flores do jardim,
você sente o cheiro dos "parfums français".
Eu passo fome,
você come caviar com champanhe.
Eu me visto com trapos,
você veste Armani e Vitton.
Eu vejo as horas no relogio do sol,
você no seu Rolex.
Eu respiro o ar enfumaçado da metropole,
você respira o ar condicionado do seu escritorio.
Eu e Você
Andarilhos da mesma rua,
da mesma esquina,
do mesmo mundo.
Mas, com uma diferença
Eu sou aquele que pede o trocado
E você é aquele que me nega.
Eu sou aquele que implora por comida
E você é o que faz regime.
Eu sou aquele que anda maltrapilho
E você é o grã-fino.
Eu sou aquele que é feliz
E você aquele que compra a felicidade.
Eiii, você ai?
ééé, você! Você mesmo!
Tem um trocado?...

Denise 25/10/2010.

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